A estrutura, datada do período de Uruk (c.
3300–3100 a.C.), sugere que as comunidades dos Montes Zagros desempenharam um papel muito mais central do que se pensava na difusão cultural e política da primeira grande metrópole do mundo.
A descoberta ocorreu no sítio arqueológico de Kani Shaie, no âmbito de um projeto internacional que envolve também a Universidade de Cambridge e as autoridades locais. Os investigadores identificaram uma estrutura de caráter oficial, possivelmente um espaço de culto, que exibe características arquitetónicas típicas da cidade de Uruk, o berço da civilização. Segundo os arqueólogos André Tomé, Maria da Conceição Lopes e Steve Renette, esta descoberta “poderá alterar profundamente o entendimento da relação entre Uruk e as regiões periféricas, revelando que sítios como Kani Shaie não eram marginais, mas antes atores centrais nos processos de difusão cultural e política”.
A interpretação é reforçada por outros achados de grande relevância no local, como cones de parede decorativos, um selo cilíndrico associado a práticas administrativas e um fragmento de um pendente em ouro, que testemunha o acesso a metais preciosos e práticas de ostentação. Estes artefactos, em conjunto com a arquitetura monumental, indicam que Kani Shaie era um centro de poder e cultura, e não uma simples periferia da Mesopotâmia.













