Esta descoberta fundamental sobre a arquitetura cerebral ajuda a explicar a eficiência e flexibilidade do pensamento humano.

O estudo, publicado na revista científica *NeuroImage* no âmbito do projeto ContentMap, financiado pelo Conselho Europeu de Investigação, introduz o conceito de "mapas conteudotópicos".

Segundo o coordenador da investigação, Jorge Almeida, estes mapas demonstram que a informação relacionada com objetos não está distribuída aleatoriamente no cérebro.

Pelo contrário, está organizada de forma estruturada, onde "regiões vizinhas do córtex representam objectos com propriedades semelhantes".

Esta organização espacial permite uma transição suave e contínua na representação de diferentes aspetos dos objetos à medida que se percorre a superfície cerebral. Para chegar a esta conclusão, a equipa utilizou ressonância magnética funcional (fMRI) para observar a atividade cerebral de participantes enquanto processavam uma sequência de objetos manipuláveis. Técnicas avançadas de análise de dados permitiram detetar como a atividade cerebral variava sistematicamente com diferentes dimensões dos objetos, como a sua forma ou função.

Os resultados mostraram que estes mapas são contínuos, consistentes entre indivíduos e independentes de características sensoriais simples.

Esta organização topográfica aumenta a eficiência neural, permitindo ao cérebro processar informação complexa de forma rápida e clara, tal como um mapa geográfico. Esta estrutura é fundamental para a flexibilidade cognitiva, permitindo ao cérebro distinguir entre objetos e, ao mesmo tempo, generalizar para outros semelhantes, uma característica central da inteligência humana.