A investigação, publicada na revista PNAS, focou-se numa mutação espontânea do trigo comum.

Os cientistas descobriram que uma reorganização complexa no genoma ativou um gene normalmente inativo, o WUSCHEL-D1 (WUS-D1).

Quando este gene é ativado nas fases iniciais do desenvolvimento floral, provoca uma ampliação dos tecidos que formam a flor, permitindo a produção de órgãos reprodutivos femininos adicionais.

Como cada ovário pode originar um grão, esta característica tem o potencial de triplicar a produção por espiga. Vijay Tiwari, coautor do estudo e professor na Universidade de Maryland, afirma que “esta identificação oferece aos especialistas em melhoramento vegetal um caminho para criar novas variedades de trigo, aumentando o número de grãos por espiga e o rendimento global”. Acrescenta ainda que, “com ferramentas de edição genética, podemos agora aperfeiçoar ainda mais esta característica”. O domínio deste mecanismo genético poderá permitir a criação de variedades de trigo mais produtivas sem a necessidade de aumentar a área de cultivo, o uso de água ou de fertilizantes. Scott Boden, da Universidade de Adelaide, destaca que o gene “WUS-D1 mostra-se um regulador essencial na formação do ovário, abrindo oportunidades para aumentar o rendimento”. Os investigadores acreditam que a descoberta poderá ter implicações para outras culturas de cereais fundamentais, como o milho, o arroz e a cevada, contribuindo para responder às crescentes necessidades alimentares da população mundial.