Utilizando um novo modelo computacional para reconstruir os movimentos das placas tectónicas, os investigadores descobriram que esta separação continental aumentou drasticamente a área das margens continentais.

Este processo criou extensos mares rasos, que se tornaram ricos em oxigénio e nutrientes, funcionando como um "berçário" ideal para as primeiras formas de vida complexa, os eucariotas — antepassados de todas as plantas e animais.

Segundo o professor Dietmar Müller, líder do estudo, "o nosso trabalho mostra como as placas tectónicas ajudaram a tornar a Terra habitável".

A fragmentação de Nuna teve um duplo efeito: reduziu as emissões de dióxido de carbono dos vulcões e aumentou o armazenamento de carbono no fundo dos oceanos, o que ajudou a arrefecer o clima global. Esta combinação de fatores alterou a química dos oceanos e criou um ambiente estável e favorável à evolução. A coautora Adriana Dutkiewicz reforça que "foi esta combinação de menos CO₂ na atmosfera e mais mares rasos que permitiu o surgimento de organismos mais complexos".

O estudo liga, pela primeira vez de forma quantitativa, a dinâmica interna do planeta à evolução da vida, mostrando que, mesmo quando a superfície parecia calma, a Terra estava ativamente a criar as condições para a biodiversidade futura.