Os resultados, publicados em dois artigos na prestigiada revista Angewandte Chemie International Edition, aprofundam a compreensão fundamental destes sistemas e abrem portas para o desenvolvimento de futuras aplicações em nanotecnologia e medicina. Os interruptores moleculares são moléculas desenhadas em laboratório que podem alterar a sua estrutura tridimensional em resposta a estímulos, como a luz, funcionando como "nano-interruptores" que ligam ou desligam a sua capacidade de interagir com outros sistemas.

Para observar o seu comportamento, a equipa liderada por Sérgio Domingos utiliza uma técnica de espectroscopia de alta resolução.

Ao irradiar as moléculas com micro-ondas na fase gasosa, conseguem capturar a sua emissão e obter um "código de barras quântico" único para cada estrutura. Este método permite distinguir não só diferentes moléculas, mas também as suas diferentes configurações, como as formas "aberta" e "fechada" de um interruptor. Numa segunda fase, os cientistas adicionam, uma a uma, moléculas de água ao sistema para observar como a "esfera de solvatação" se forma e influencia o comportamento do interruptor. Uma das descobertas mais relevantes, segundo o aluno de doutoramento Nuno Campos, foi verificar que "ao adicionar água ao sistema, o equilíbrio entre a forma aberta/fechada fica comprometido, invertendo-se a preferência da posição do interruptor". Esta observação demonstra que apenas algumas moléculas de água podem alterar significativamente as propriedades do sistema. Num segundo estudo, que mereceu a distinção de "Hot Paper", a investigadora Rita Roque destaca a importância das medições experimentais para validar e desafiar os modelos teóricos, sublinhando que "são estes resultados que promovem melhorias na construção de novos modelos de previsão".