A abordagem foca-se em impedir a formação do genoma viral, um passo essencial para que o vírus se torne infeccioso.

Liderada por Maria João Amorim, vice-diretora do Centro de Investigação Biomédica da Faculdade de Medicina, a investigação explora uma característica única do vírus da gripe: o seu genoma está dividido em oito segmentos distintos.

Os cientistas descobriram que estes segmentos se organizam em compartimentos com propriedades líquidas (condensados), permitindo que as moléculas se movam livremente e se encontrem para formar um vírus funcional.

A estratégia inovadora consiste em alterar o estado físico destes condensados, endurecendo-os para “tirar-lhes o dinamismo”.

Segundo Maria João Amorim, ao “bloquear a capacidade do vírus de criar o genoma”, a infeção é travada.

A investigadora afirma que a equipa já sabe que esta abordagem “funciona e já sabemos qual é a melhor forma de o fazer, o que já é um passo em frente muitíssimo grande”.

O sucesso desta metodologia poderá ter um impacto vasto, uma vez que o mesmo princípio poderá ser aplicado a outros vírus para os quais não existem vacinas, como o VIH, Zika, Herpes simplex e vírus hemorrágicos como o Nipah e o Marburg.

O desenvolvimento de tais antivirais poderia não só tratar doentes, mas também controlar a propagação de surtos, reforçando a resposta da saúde pública a futuras epidemias.