A investigação, publicada na revista Cell, centrou-se em Yuka, uma cria de mamute excecionalmente bem preservada no permafrost da Sibéria.

Ao contrário do ADN, que contém o código genético, o ARN é uma molécula muito mais frágil que revela quais os genes que estavam ativos num determinado tecido num dado momento, oferecendo um retrato dinâmico da biologia do animal. “O ARN antigo dá-nos uma imagem dos genes que são ativados, ou que se encontram ativos, em determinado tecido”, explica Love Dalén, coautor do estudo. A análise do ARN muscular de Yuka revelou marcadores moleculares de stress celular, sugerindo que o animal teve uma morte difícil, possivelmente atacado por predadores como leões-das-cavernas.

Uma outra descoberta surpreendente foi que Yuka, anteriormente identificado como fêmea com base na anatomia, era geneticamente macho.

A capacidade de extrair ARN tão antigo abre portas a novas áreas de investigação, nomeadamente a paleovirologia.

Como muitos vírus, incluindo os da gripe e os coronavírus, usam ARN como material genético, esta técnica poderá permitir o rastreio de vírus da Idade do Gelo. Embora as moléculas de ARN recuperadas tenham pouco valor direto para os esforços de desextinção, a metodologia é um avanço crucial, permitindo no futuro comparar a expressão genética entre espécies extintas e os seus parentes vivos.