“Integrar IA com computação de alto desempenho representa uma mudança fundamental”, afirma Hirashima, sublinhando que a abordagem poderá ser aplicada a outros fenómenos complexos como as alterações climáticas e a meteorologia.
Simulação da Via Láctea com recurso a IA modela pela primeira vez 100 mil milhões de estrelas
Uma equipa de investigadores liderada pelo centro RIKEN, no Japão, realizou a primeira simulação da Via Láctea que representa com precisão mais de 100 mil milhões de estrelas individuais. Este avanço, alcançado através da combinação de inteligência artificial e supercomputação, é 100 vezes mais rápido e detalhado do que os modelos anteriores, marcando um ponto de viragem na astrofísica computacional. Simular galáxias ao nível estelar é um desafio imenso devido à necessidade de considerar fenómenos que ocorrem em escalas de tempo e espaço muito distintas, como a dinâmica de fluidos, a gravidade e as explosões de supernovas. Anteriormente, os modelos tratavam aglomerados de centenas de estrelas como uma única partícula, perdendo detalhe crucial. O principal obstáculo era o tempo de computação: simular a Via Láctea a este nível com métodos convencionais levaria mais de 36 anos de tempo real para modelar apenas um bilião de anos da galáxia. A equipa de Keiya Hirashima contornou este problema desenvolvendo um modelo de IA baseado em ‘deep learning’. Este modelo foi treinado com simulações de alta resolução de supernovas, aprendendo a prever a expansão do gás nos 100.000 anos seguintes a uma explosão. Este “atalho” computacional permitiu que a simulação principal avançasse em passos de tempo maiores, reduzindo drasticamente o tempo de cálculo. Com o novo método, simular um milhão de anos de evolução galáctica demorou apenas 2,78 horas.


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