Esta descoberta desafia as conceções anteriores sobre a evolução deste gesto íntimo.

A investigação, publicada na revista *Evolution and Human Behavior* e liderada pela bióloga evolutiva Matilda Brindle, baseou-se numa extensa análise filogenética de dados sobre o comportamento social em primatas.

Uma vez que interações como o beijo não deixam vestígios fósseis, a equipa recorreu a modelos bayesianos para rastrear as probabilidades evolutivas do comportamento.

A definição de beijo utilizada foi a de um ato não violento de contacto entre bocas, com movimento, mas sem transferência de alimento. A análise de observações de interações orais não agressivas em chimpanzés, bonobos, orangotangos e gorilas permitiu concluir que este tipo de contacto já estava presente no seu antepassado comum, que viveu entre há 16,9 e 21,5 milhões de anos. Esta datação tão recuada apoia a hipótese de que hominídeos extintos, como os Neandertais, também praticavam o beijo.

Contudo, o estudo sublinha que o comportamento não é universal, nem entre primatas nem entre humanos.

Estudos antropológicos indicam que apenas 46% das culturas humanas documentadas praticam o beijo romântico, o que sugere que, embora possa existir uma base biológica, a sua expressão é fortemente influenciada pelo contexto cultural.

Os investigadores alertam ainda que muitos dados provêm de animais em cativeiro, sendo necessários mais estudos em populações selvagens.