Até agora, a investigação paleogenómica focava-se no ADN, a molécula que contém o código genético, por ser mais estável.

O ARN, por sua vez, é muito mais frágil e tem uma semi-vida curta, mas oferece uma vantagem única: revela quais os genes que estavam ativos num determinado tecido num dado momento.

A equipa da Universidade de Estocolmo extraiu ARN de tecido muscular de Yuka e detetou marcadores moleculares de stresse, o que sugere que o animal teve uma morte difícil, possivelmente atacado por predadores como leões-das-cavernas. Segundo Emilio Mármol, primeiro autor do estudo, o ARN permite observar “o estado físico e metabólico do músculo de Yuka... pouco antes da sua morte”.

A investigação também permitiu corrigir o sexo do espécime para macho, contrariando análises anatómicas anteriores.

A descoberta mais significativa é a prova de que o ARN pode persistir por milénios, muito mais tempo do que se pensava. Esta longevidade abre a possibilidade de sequenciar vírus de ARN antigos, como os da gripe ou coronavírus, que possam estar preservados em restos de animais da Idade do Gelo, permitindo rastrear a sua evolução e talvez até descobrir a origem de pandemias passadas.