Os restos esqueléticos, datados entre 41.000 e 45.000 anos, apresentavam marcas de corte e fraturas semelhantes às encontradas em ossos de animais consumidos pelos habitantes do mesmo local.

Embora o canibalismo entre Neandertais já tivesse sido documentado noutros sítios arqueológicos, a particularidade de Goyet reside no perfil das vítimas.

Segundo o Centro Nacional Francês de Investigação Científica (CNRS), um dos participantes no estudo, “o perfil biológico das vítimas, identificado pela primeira vez, revela que pertenciam a um grupo externo à comunidade, para a qual foram provavelmente levadas para serem consumidas como alimento”.

Esta descoberta baseia-se em dez anos de investigação que incluíram análises de ADN, datação por radiocarbono e reconstruções virtuais dos ossos fragmentados.

O estudo sugere que estas práticas canibais podem ter sido um sintoma de “tensões territoriais” num período de grande diversidade cultural no norte da Europa, caracterizado pela presença emergente do *Homo sapiens*. Os autores observam que estes eventos antecedem diretamente “o desaparecimento dos Neandertais na região”, levantando a hipótese de que o canibalismo poderia estar ligado a pressões ambientais ou conflitos intergrupais num momento crítico da sua existência.