O estudo conclui que a cultura, e não apenas a tentativa e erro, é essencial para construir a sua 'enciclopédia' alimentar.

Publicado na revista Nature Human Behaviour, o estudo baseou-se numa extensa base de dados compilada ao longo de 12 anos de observações diárias de orangotangos selvagens em Sumatra. Para testar a importância das interações sociais, os cientistas criaram um modelo de simulação que recriava a vida de um orangotango desde o nascimento até à maturidade, aos 15 anos. O modelo permitiu isolar o impacto de três comportamentos de aprendizagem social: a observação de perto de outros a alimentarem-se, a proximidade com outros indivíduos a comer, e ser guiado para locais de alimentação. Os resultados foram claros: quando os três tipos de aprendizagem estavam disponíveis, os orangotangos simulados desenvolviam dietas tão variadas quanto os seus congéneres selvagens, com cerca de 224 tipos de alimentos.

No entanto, ao remover a possibilidade de observação direta, o desenvolvimento alimentar era mais lento e atingia apenas 85% do repertório completo.

Sem qualquer aprendizagem social, as dietas ficavam drasticamente limitadas.

Elliot Howard-Spink, um dos autores, afirmou: “Temos provas convincentes de que a cultura é o que permite aos orangotangos selvagens construir repertórios de conhecimento muito mais vastos do que poderiam aprender sozinhos”.

Esta descoberta sublinha a importância da transmissão cultural como um mecanismo de sobrevivência em espécies não humanas.