As investigações destacam-se pelo seu potencial de transformar a prática clínica e a compreensão de mecanismos biológicos fundamentais. Na categoria de investigação clínica, Rita Fior foi premiada por desenvolver um método que utiliza embriões de peixe-zebra como avatares para testar a eficácia de tratamentos contra o cancro colorretal. Pequenas amostras do tumor de um paciente são implantadas nos embriões, que, por serem transparentes, permitem observar a evolução do tumor e a sua resposta a diferentes fármacos.

Num estudo clínico, o método demonstrou uma precisão de quase 90% na previsão da resposta dos doentes, oferecendo aos oncologistas uma ferramenta poderosa para selecionar a terapia mais adequada e evitar tratamentos ineficazes.

Na investigação básica, o prémio foi atribuído a Henrique Veiga-Fernandes, que descobriu um circuito neuro-imunitário-hormonal que regula os níveis de açúcar no sangue. A sua equipa demonstrou que, em períodos de jejum ou de maior exigência energética, um tipo de células imunitárias (células linfoides inatas tipo 2) migra do intestino para o pâncreas, onde estimula a libertação da hormona glucagon. Esta, por sua vez, sinaliza ao fígado para produzir glicose, garantindo o fornecimento de energia ao corpo. Esta descoberta revela um novo papel para o sistema imunitário, para além do combate a infeções, e abre portas a novas abordagens terapêuticas para doenças metabólicas.