Até agora, a teoria dominante sugeria que os gatos foram domesticados no Crescente Fértil, no Médio Oriente, acompanhando os primeiros agricultores do Neolítico para proteger as colheitas. No entanto, a nova análise genómica indica que os felinos encontrados em sítios arqueológicos europeus anteriores ao período romano eram, na verdade, gatos-bravos-europeus, e não animais domesticados.

O estudo, liderado pela Universidade de Roma Tor Vergata, identifica duas vagas principais de chegada do gato-selvagem-africano (*Felis lybica lybica*) à Europa.

A primeira ocorreu no primeiro milénio a.C., documentada na Sardenha.

A segunda vaga, decisiva para a expansão do gato doméstico moderno, deu-se durante a época romana, a partir do século I a.C. Foram os romanos que, ao longo das suas rotas comerciais e militares, disseminaram os gatos domésticos por todo o Mediterrâneo e Europa Central, chegando até à Grã-Bretanha.

Segundo a arqueozoóloga Marta Moreno, uma das autoras, a domesticação “é um processo muito complexo” que pode ter tido vários centros, “mas certamente que o norte de África desempenhou um papel fundamental na sua chegada à Europa”. Esta descoberta mostra que a sua expansão foi um fenómeno mais tardio e rápido, impulsionado por redes comerciais e não pela agricultura primitiva.