O estudo, publicado no Journal of Applied Ecology, valida a eficácia das estratégias de cogestão e oferece um modelo que integra saberes tradicionais e modelação científica, aplicável a outros ecossistemas complexos.
O trabalho centrou-se na cogestão do pirarucu, o maior peixe de água doce do mundo, na bacia do rio Juruá, no Brasil.
A espécie, que esteve à beira da extinção, tem recuperado graças à proteção de lagos de meandro pelas comunidades locais. Segundo o investigador Sérgio Timóteo, “a escolha dos lagos a proteger é feita por pescadores locais experientes, que se baseiam no conhecimento ecológico acumulado ao longo de gerações”.
Para avaliar a eficácia desta abordagem, a equipa desenvolveu seis cenários alternativos de gestão, baseados em dados populacionais recolhidos entre 2011 e 2022.
Utilizando modelação de meta-população, os cientistas compararam a estratégia local com outras, incluindo uma baseada puramente na capacidade de carga dos lagos. Os resultados foram, nas palavras de Timóteo, “surpreendentes”. Embora a estratégia baseada na capacidade de carga oferecesse resultados teoricamente mais eficientes, “o esquema de cogestão existente apresentou um desempenho muito próximo”.
Esta conclusão “realça a importância e a fiabilidade do conhecimento local dos pescadores”, cujas escolhas multidimensionais consideram a ecologia dos peixes, as condições ambientais e a logística de acesso.
O estudo reforça que esta “tecnologia social complexa, forjada ao longo de milénios” é um pilar fundamental para a conservação.









