Numa altura em que a abordagem de “tamanho único” se revela muitas vezes ineficaz, a IA oferece a esperança de uma medicina de precisão em saúde mental.

Segundo Francisco Pereira, “a tecnologia pode ajudar as pessoas que fazem investigação a perceber porque é que um paciente é diferente do outro, baseado em dados que se recolhem sobre esse paciente como o historial médico, análises clínicas, imagens do cérebro”.

Embora a previsão do medicamento exato para cada pessoa ainda seja objeto de investigação, a IA já está a ser usada para quantificar aspetos subtis do comportamento.

Por exemplo, no NIMH, a tecnologia ajuda a analisar a comunicação entre pais e filhos em tratamento para a depressão, permitindo aos terapeutas perceber o progresso da intervenção.

Outra aplicação promissora é no estudo da irritabilidade em crianças, onde modelos de IA, baseados em dados recolhidos via app, podem “prever com alguma precisão se há alguma probabilidade maior de o miúdo se descontrolar em breve”.

Esta previsão não serve para diagnosticar, mas para “ajudar os colegas a estar numa posição de ajudar os pais”, alertando-os para aplicarem técnicas terapêuticas preventivas.

O objetivo, sublinha Pereira, é usar a IA como uma ferramenta científica para construir melhores modelos das doenças e dos tratamentos.