A descoberta, publicada na Nature Communications, abre novas perspetivas sobre a evolução da lactação e tem potencial para inspirar inovações na nutrição e saúde humanas.
Até agora, o leite humano era considerado o mais complexo, com centenas de moléculas de açúcar (oligossacarídeos) que protegem os bebés de doenças e ajudam a desenvolver a sua microbiota intestinal.
No entanto, a análise ao leite de focas-cinzentas identificou 332 açúcares diferentes, dos quais 166 nunca tinham sido documentados pela ciência.
Surpreendentemente, algumas destas moléculas são enormes, com cadeias de até 28 unidades, ultrapassando largamente o tamanho das maiores moléculas conhecidas no leite humano.
A razão para esta riqueza molecular reside na biologia da foca: as crias têm apenas cerca de duas semanas para acumular gordura e defesas imunitárias suficientes para sobreviverem sozinhas no mar.
A natureza respondeu com um leite superconcentrado, rico em moléculas com funções antimicrobianas e de regulação do sistema imunitário. Os investigadores sublinham que o objetivo não é consumir leite de foca, mas aprender com a sua composição.
A compreensão de como estas moléculas funcionam pode permitir recriá-las em laboratório para melhorar fórmulas infantis, desenvolver suplementos que reforcem o sistema imunitário ou criar novos tratamentos.
Esta descoberta mostra que a natureza desenvolveu soluções evolutivas diversas e que outras espécies podem conter segredos bioquímicos valiosos.








