Uma investigação baseada em fósseis da Venezuela revela que as anacondas atingiram o seu tamanho colossal há mais de 12 milhões de anos e mantiveram-no desde então. Esta descoberta contraria a evolução de outros gigantes do Mioceno e demonstra uma notável resiliência da espécie a mudanças ambientais. O estudo, que analisou 183 vértebras fossilizadas de mais de 30 indivíduos das formações Socorro e Urumaco, na Venezuela, concluiu que as anacondas do Mioceno Médio, há cerca de 12,4 milhões de anos, já atingiam um comprimento médio de 5,2 metros, comparável ao das sucuris-verdes modernas. Este gigantismo precoce coincidiu com o Ótimo Climático do Mioceno Médio, um período de temperaturas mais quentes que favoreceu a expansão do Sistema de Pântanos de Pebas na Amazónia.
Este vasto ecossistema aquático sustentou outros répteis gigantes, como crocodilos e a tartaruga Stupendemys.
No entanto, o que distingue as anacondas é a sua persistência. Enquanto muitos dos seus contemporâneos gigantes diminuíram de tamanho ou extinguiram-se com o arrefecimento do clima e a retração dos habitats aquáticos, as anacondas mantiveram as suas dimensões imponentes.
Esta estabilidade sugere que o seu sucesso evolutivo não dependeu exclusivamente das condições ambientais favoráveis que impulsionaram a sua ascensão.
Fatores bióticos, como a sua dieta generalista de hiper-carnívoro e a ausência de predadores ou competidores significativos, terão sido cruciais para a sua sobrevivência e manutenção do gigantismo ao longo de milhões de anos, tornando-as notáveis sobreviventes das mudanças ambientais extremas.
Em resumoO estudo de fósseis venezuelanos demonstra que as anacondas alcançaram o seu tamanho gigante no início da sua evolução, há mais de 12 milhões de anos, e mantiveram-no apesar de mudanças climáticas significativas. A sua persistência, ao contrário de outra megafauna do Mioceno, destaca a sua adaptação bem-sucedida como predadores resilientes e generalistas.