Esta abordagem, que combina sabedoria ancestral com políticas regulatórias, tem sido fundamental para a recuperação da espécie, que esteve à beira da extinção.
A investigação, publicada no Journal of Applied Ecology e com participação de Sérgio Timóteo da Universidade de Coimbra, validou a eficácia do sistema de gestão comunitária. Os investigadores desenvolveram modelos populacionais baseados em dados recolhidos entre 2011 e 2022 em 31 lagos e compararam o esquema de gestão atual com cenários alternativos.
Os resultados foram descritos como "surpreendentes": a estratégia liderada pela comunidade, na qual pescadores experientes selecionam os lagos a proteger com base no seu conhecimento geracional, apresentou um desempenho muito próximo do cenário teoricamente mais eficiente. Isto, segundo os autores, "realça a importância e a fiabilidade do conhecimento local dos pescadores".
Os lagos protegidos por estas comunidades funcionam como refúgios vitais e fontes de repovoamento para o ecossistema fluvial, garantindo populações elevadas de pirarucu e moderando o impacto da sobre-exploração e da pesca ilegal. O estudo conclui que este processo de decisão local representa a "materialização de uma tecnologia social complexa, forjada ao longo de milénios de interações entre pessoas e a natureza", oferecendo um modelo transferível para a gestão sustentável de ecossistemas complexos noutras partes do mundo.









