Até agora, acreditava-se que estas cerâmicas eram importadas. No entanto, a investigação de Sara Almeida, do Centro de Estudos de Arqueologia, Artes e Ciências do Património (CEAACP), demonstrou o contrário.

“O que nós percebemos, com as análises que se fizeram, (...) foi que, na realidade, a maior parte da cerâmica fenícia que aqui está é produzida aqui, no sítio e na região”, explicou a investigadora. Esta conclusão implica que os fenícios, estabelecidos no vale do Mondego entre os séculos VII e V a.C., introduziram tecnologia de ponta para a época, como fornos de dupla câmara e tornos de oleiro, que se contam entre “os mais antigos que se conhecem” em território português. Esta tecnologia permitia um controlo superior da cozedura e a produção de peças mais finas e regulares. Curiosamente, os artesãos fenícios adaptaram a sua produção ao gosto das comunidades locais, criando propositadamente peças com um tom cinzento-escuro, semelhante ao da cerâmica manual indígena, mas com a superioridade técnica do torno.

Esta fusão de tecnologia oriental com estética local evidencia uma profunda interação cultural e um processo de transferência de conhecimento que diferenciou as comunidades da região do Mondego de outras do interior, que permaneceram “tecnologicamente muito mais atrasadas”.