As evidências, publicadas na revista Nature, redefinem a compreensão das capacidades dos primeiros Neandertais e o seu impacto na evolução humana.

Até agora, os registos mais antigos de fogo produzido intencionalmente datavam de há 50 mil anos.

No entanto, escavações perto da vila de Barnham, em Suffolk, Inglaterra, trouxeram à luz vestígios que alteram drasticamente esta cronologia. A equipa de investigação, liderada por cientistas do Museu Britânico, encontrou pedaços de argila aquecida, pequenos machados de sílex com sinais de fratura por calor e fragmentos de pirite de ferro. A análise em laboratório indicou que a argila foi submetida a temperaturas superiores a 700 graus Celsius em mais do que uma ocasião, sugerindo a existência de uma fogueira usada repetidamente.

A presença de pirite, um mineral raro no local, indica que os hominídeos, provavelmente Neandertais primitivos, a transportaram intencionalmente, conhecendo as suas propriedades para gerar faíscas.

Nick Ashton, principal autor do estudo, descreveu a descoberta como “a mais extraordinária” da sua carreira.

O domínio do fogo foi um marco crucial na evolução humana, proporcionando calor, proteção contra predadores, a possibilidade de cozinhar alimentos — o que contribuiu para o desenvolvimento cerebral — e o fortalecimento de laços sociais, impulsionando a colonização de regiões mais frias e a complexificação das estruturas sociais.