Uma descoberta arqueológica em Inglaterra recua em 350.000 anos a data do domínio humano sobre a produção de fogo. A investigação, publicada na revista Nature, revela que hominídeos, provavelmente Neandertais primitivos, já criavam fogo deliberadamente há cerca de 400.000 anos. Este achado altera fundamentalmente a cronologia da evolução humana, uma vez que a evidência mais antiga de produção intencional de fogo datava de apenas 50.000 anos, apesar de o uso de fogo de origem natural ser conhecido há cerca de um milhão de anos. A equipa do Museu Britânico encontrou os vestígios perto da vila de Barnham, em Suffolk, num sítio arqueológico do Paleolítico.
As provas incluem fragmentos de argila aquecida, pequenos machados de sílex com sinais de fratura por calor e, crucialmente, dois pedaços de pirite de ferro. A análise laboratorial, que demorou quatro anos, demonstrou que a argila foi submetida a temperaturas superiores a 700 graus Celsius em mais do que uma ocasião, o que sugere a existência de uma fogueira intencional, usada repetidamente, e não de um incêndio natural. A presença da pirite é particularmente significativa; sendo rara no local, indica que os humanos antigos a transportaram de outras áreas, demonstrando um conhecimento avançado das suas propriedades para criar faíscas e iniciar chamas.
Nick Ashton, curador do Museu Britânico e principal coautor do estudo, descreveu a descoberta como “a mais extraordinária” da sua carreira.
O domínio do fogo foi um ponto de viragem, fornecendo calor, proteção, permitindo cozinhar alimentos – o que impulsionou o desenvolvimento cerebral – e fomentando estruturas sociais mais complexas.
Em resumoA descoberta de vestígios de fogo controlado com 400.000 anos em Barnham, Inglaterra, antecipa em 350.000 anos a capacidade humana de criar fogo. A evidência, baseada em argila aquecida e pirite, sugere que Neandertais primitivos já dominavam esta tecnologia, um marco que reconfigura a cronologia da evolução cognitiva e social humana.