Este alerta científico quantifica o impacto direto do aquecimento global na intensificação de fenómenos meteorológicos extremos na Península Ibérica.

O estudo analisou as temperaturas excecionalmente elevadas registadas em agosto, que ultrapassaram os 40 graus Celsius em várias regiões e alimentaram incêndios florestais devastadores.

Segundo os cientistas, estas condições extremas de calor e secura, propícias a incêndios, são agora não só mais frequentes, mas também 30% mais intensas.

Theo Keeping, investigador do Imperial College London, explicou que “sem o aquecimento provocado pelo homem, tais condições meteorológicas propícias a incêndios teriam ocorrido apenas uma vez a cada 500 anos, em vez de uma vez a cada 15 anos, como acontece atualmente”. O relatório aponta outros fatores que agravam o impacto dos incêndios, como o êxodo rural e uma gestão florestal inadequada, que levaram à acumulação de material combustível. Ricardo Trigo, professor da Universidade de Lisboa, reforçou que o despovoamento do interior desde a década de 1970 permitiu que “os combustíveis finos se acumulassem a níveis perigosos”. Os dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais indicam que, desde o início do ano, arderam mais de 280 mil hectares em Portugal, um número recorde. O estudo serve como um aviso claro sobre a necessidade de adaptar as estratégias de prevenção e combate a uma nova realidade climática.