Um relatório de atividades do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) de 2024 revela que quase 21 mil pessoas em risco de vida não receberam o nível de socorro exigido, apesar de terem sido triadas com prioridade máxima. O documento, citado pelo jornal Público, expõe também graves carências de recursos humanos, com um défice de 709 trabalhadores em relação ao previsto. No ano passado, o INEM registou 148.251 ocorrências de prioridade 1 (P1), que exigem suporte avançado de vida através de meios diferenciados como Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação (VMER) ou helicópteros. No entanto, os dados mostram que apenas ocorreram 127.290 acionamentos destes meios, resultando num défice de resposta especializada em 20.961 situações.
Estes doentes terão sido socorridos por ambulâncias com técnicos de menor formação.
A discrepância entre ocorrências críticas e a mobilização de meios diferenciados tem vindo a aumentar desde 2022.
A Associação Nacional dos Técnicos de Emergência Médica (ANTEM) classificou estes dados como “alarmantes”, afirmando que refletem “falhas estruturais” que comprometem a saúde dos cidadãos.
Em resposta, a ANTEM apresentou uma queixa à Comissão Europeia, acusando o INEM de não cumprir a legislação europeia sobre formação e competências.
O relatório expõe ainda a falta de pessoal, com destaque para a carência de 501 técnicos de emergência e 26 médicos. O presidente da ANTEM, Paulo Paço, defendeu uma “reforma profunda no modelo para a transformação de um Serviço Médico de Emergência”, propondo que o INEM se torne uma entidade normativa e que se integrem profissionais como paramédicos, seguindo as melhores práticas internacionais.
Em resumoO relatório de atividades do INEM de 2024 indicou que quase 21 mil doentes em risco de vida não receberam o socorro especializado necessário, apesar da triagem de prioridade máxima. A situação, agravada por um défice de mais de 700 trabalhadores, levou a Associação Nacional dos Técnicos de Emergência Médica a apresentar uma queixa na Comissão Europeia por “falhas estruturais”.