A Federação Nacional dos Professores (FENPROF) alertou que o novo ano letivo poderá começar com cerca de 276 mil alunos afetados pela falta de docentes, um número que representa um "agravamento significativo" em comparação com os 232 mil do ano anterior. A situação é particularmente crítica no primeiro ciclo, onde mais de 4.000 crianças correm o risco de iniciar as aulas sem professor.<br><br>De acordo com o secretário-geral da FENPROF, Feliciano Costa, existem "184 horários sem ninguém" no primeiro ciclo, o que equivale a cerca de 4.500 crianças. O problema é agravado pelo facto de, neste nível de ensino, não ser possível recorrer a professores não profissionalizados.
"Um engenheiro até é capaz de desenrascar e ensinar Matemática, mas no primeiro ciclo só um professor consegue ensinar as crianças a ler e a escrever.
O milagre da leitura começa ali", sublinhou o dirigente sindical.
A solução prevista poderá passar pela divisão dos alunos sem professor pelas restantes turmas da escola.
No total, a FENPROF identificou 2.758 horários por preencher em contratação de escola, o que corresponde a cerca de 50 mil horas de aulas semanais.
As zonas mais afetadas são Lisboa, Alentejo e Algarve, com carências significativas também no pré-escolar, em disciplinas tecnológicas e na Educação Especial. As escolas com mais dificuldades concentram-se na zona de Lisboa, onde faltam cerca de 300 horários, seguida de Setúbal, com quase 200. O sindicato nota ainda uma diminuição no número de candidatos disponíveis para contratação de escola, com "menos 2.566 candidatos" este ano.
Em resumoA FENPROF emitiu um alerta severo sobre a falta de professores no arranque do ano letivo, estimando que 276 mil alunos sejam afetados. A situação é mais grave no primeiro ciclo, com mais de 4.000 crianças em risco de ficar sem aulas, numa crise que afeta principalmente as regiões de Lisboa, Alentejo e Algarve.