A carência de médicos obstetras no Serviço Nacional de Saúde (SNS) atingiu um ponto crítico, obrigando ao encerramento rotativo de urgências e gerando preocupação pública. O diretor executivo do SNS, Álvaro Almeida, afirmou no Parlamento que seria necessário duplicar o número de especialistas para garantir o funcionamento contínuo de todas as 39 urgências de obstetrícia do país. Durante uma audição na Comissão de Saúde, requerida pelo Chega a propósito da morte de dois bebés, Álvaro Almeida expôs a dimensão do problema estrutural. Explicou que os contratos dos médicos do SNS preveem um total de 509 mil horas de urgência anuais, mas para manter todos os serviços a funcionar seriam necessárias mais de um milhão de horas. "Se os médicos que estão no SNS se limitassem a cumprir a sua obrigação contratual, metade dos serviços de urgência estariam sempre fechados", alertou, elogiando a "disponibilidade" dos profissionais que permite manter mais de 90% das urgências a funcionar. Apesar de reconhecer que o plano em execução reduziu os encerramentos em 35% neste verão face a 2023, admitiu que os problemas persistem.
Álvaro Almeida negou uma relação direta entre os encerramentos e as mortes dos bebés, considerando as acusações "um conjunto de incorreções factuais".
Defendeu que o problema é mais grave em zonas isoladas como Mogadouro ou Odemira, onde a urgência mais próxima pode estar a hora e meia de distância, do que na Margem Sul, onde as alternativas estão a minutos de distância. Como solução, apontou a revisão da rede de urgências, com a criação de urgências regionais, e a melhoria do sistema de transportes de emergência.
Em resumoO diretor do SNS, Álvaro Almeida, alertou que o país precisaria do dobro dos obstetras para manter todas as urgências de obstetrícia abertas. Negou a ligação direta entre encerramentos e a morte de dois bebés, apontando para um problema estrutural de falta de recursos e defendendo a criação de urgências regionais e a melhoria dos transportes de emergência como soluções.