A FENPROF alerta para uma situação mais crítica do que no ano anterior, contrariando a perspetiva do Ministério da Educação. A Federação Nacional dos Professores (FENPROF) estima que "cerca de 93 mil alunos estão afetados e o ano letivo já começou", um número que contrasta com a visão do ministro da Educação, Fernando Alexandre, que garante que em pelo menos 98% das escolas os alunos terão aulas a todas as disciplinas. O ministro reconhece a existência de cerca de mil horários completos por preencher, mas aponta para a existência de "mais de 20 mil professores profissionalizados não colocados".

A FENPROF contesta este número, afirmando que, na realidade, existem apenas 14 mil docentes disponíveis, pois muitos apresentaram mais do que uma candidatura.

A disparidade geográfica agrava o problema: a maioria dos professores disponíveis encontra-se no Norte, enquanto as maiores necessidades se concentram em Lisboa, Alentejo e Algarve, onde o custo de vida é um forte dissuasor.

Para mitigar a situação, o Governo abriu um concurso extraordinário com quase 1.800 vagas para estas zonas carenciadas e anunciou um subsídio que poderá chegar aos 500 euros para docentes deslocados. No entanto, para a FENPROF, a solução a longo prazo passa por uma "revisão em alta" do estatuto da carreira docente para tornar a profissão mais atrativa, com valorização dos salários, melhores horários de trabalho e apoios à fixação. A falta de pessoal não docente, como assistentes operacionais e técnicos, é outro problema sublinhado por diretores e associações de pais, que alertam para o impacto na vigilância dos recreios e no funcionamento das bibliotecas.