O Governo português anunciou a intenção de criar, a curto prazo, uma urgência regional de obstetrícia na Península de Setúbal, como resposta à crise de encerramentos contínuos nos serviços dos hospitais locais. A medida surge após um fim de semana em que as urgências de obstetrícia e ginecologia dos hospitais de Almada (Garcia de Orta), Setúbal e Barreiro fecharam em simultâneo por indisponibilidade de médicos tarefeiros, deixando a região sem resposta assistencial para grávidas. O plano apresentado pela ministra da Saúde, Ana Paula Martins, prevê que o Hospital Garcia de Orta funcione como polo central, com a urgência aberta em permanência, enquanto o Hospital de Setúbal receberá casos referenciados pelo SNS 24 e pelo INEM. A ministra admitiu que a solução anteriormente prometida, que passava pelo reforço de equipas no Garcia de Orta, não se concretizou como esperado, afirmando sentir-se penalizada por ter assumido "politicamente uma solução que me foi garantida e vê-la desfeita sem sequer compreender porquê".
A concretização da urgência regional depende, contudo, de negociações com os sindicatos e ordens profissionais, embora o Governo já tenha a legislação preparada.
A proposta enfrenta ceticismo por parte de autarcas da região, que temem que a centralização não resolva os problemas estruturais e possa até agravar as dificuldades de acesso. A Ordem dos Médicos também manifestou "muitas dúvidas" sobre a viabilidade do modelo, questionando a existência de profissionais suficientes para assegurar as escalas de uma urgência regional. A crise reflete a carência de especialistas no Serviço Nacional de Saúde e a elevada dependência de prestadores de serviços.
Em resumoA proposta de uma urgência obstétrica regional para a Península de Setúbal visa solucionar os encerramentos recorrentes, mas enfrenta ceticismo de autarcas e profissionais de saúde devido à grave escassez de médicos e a desafios logísticos, colocando em dúvida a sua eficácia imediata.