O problema, que se prolongou por várias horas, impediu o acesso a processos clínicos e a prescrição eletrónica, colocando em risco a realização de consultas e cirurgias. A paralisação do sistema informático do SNS, que se estendeu desde a tarde de quarta-feira até à manhã de quinta-feira, expôs a vulnerabilidade de uma infraestrutura digital da qual dependem diariamente milhões de atos de saúde. A falha, atribuída pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) a uma atualização de software da Rede Informática da Saúde (RIS) pelo operador NOS, teve um impacto transversal, afetando tanto os cuidados de saúde primários como os hospitais. Médicos de várias unidades de saúde viram-se impossibilitados de aceder a processos clínicos, visualizar exames ou emitir prescrições eletrónicas, o que, na prática, comprometeu a segurança e a continuidade dos cuidados.

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) reagiu prontamente, descrevendo a situação como um reflexo do “desinvestimento sério em sistemas digitais” e da “inoperância governativa”.

A presidente da FNAM, Joana Bordalo e Sá, salientou que, embora esta falha tenha sido generalizada, problemas informáticos são uma ocorrência diária que prejudica doentes e profissionais, levando a atrasos e cancelamentos.

A recomendação da FNAM para que os médicos apresentassem escusas de responsabilidade evidencia a gravidade da situação, transferindo a responsabilidade das consequências clínicas para a tutela. Embora o sistema tenha sido restabelecido ao final da manhã, o incidente serve de alerta para a necessidade urgente de modernizar e robustecer a infraestrutura tecnológica do SNS.