A ocorrência de 32 ataques de lobos no Planalto Mirandês nos últimos 20 meses está a gerar alarme e prejuízos significativos entre os pastores da região. O Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) confirmou os dados, enquanto os produtores locais relatam a morte de dezenas de animais e pedem soluções para a coexistência com esta espécie protegida. A crescente frequência de ataques de lobos a rebanhos no Planalto Mirandês, particularmente no concelho de Miranda do Douro, evidencia um conflito cada vez mais acentuado entre a conservação da vida selvagem e as atividades agropecuárias. Com 32 ataques registados desde o início de 2024, os produtores locais enfrentam perdas económicas avultadas e um sentimento de insegurança, agravado pela proximidade das ocorrências às aldeias.
Um ataque recente em Genísio, que resultou na morte de dez ovelhas e em ferimentos graves noutras doze, ilustra a dimensão do problema.
As causas apontadas para este aumento de incidentes são complexas, incluindo a possível escassez de presas naturais devido aos incêndios que afetaram os habitats do lobo-ibérico.
Esta espécie, com estatuto de “em perigo”, é protegida por lei, o que torna a gestão deste conflito particularmente delicada. Em resposta, o ICNF tem vindo a implementar medidas de apoio, como indemnizações por danos e o incentivo ao uso de cães de gado. O recém-apresentado Programa Alcateia 2025-2035, com um orçamento de 3,3 milhões de euros para o primeiro ano, prevê a revisão dos valores de indemnização para os aproximar dos preços de mercado, uma reivindicação antiga dos produtores.
No entanto, a eficácia destas medidas dependerá da sua implementação no terreno e da capacidade de promover uma coexistência sustentável.
Em resumoUma série de ataques de lobos no Planalto Mirandês intensificou as tensões entre os esforços de conservação e a pastorícia local, resultando em perdas económicas significativas para os pastores. Embora as autoridades reconheçam o problema e tenham lançado programas como o "Alcateia 2025-2035" para melhorar as compensações e medidas de proteção, a crescente proximidade dos ataques às aldeias sublinha a necessidade urgente de estratégias de coexistência eficazes.