Um relatório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) revela que os incêndios rurais consumiram, entre 1 de janeiro e 22 de setembro, cerca de 34 mil hectares de áreas pertencentes à Rede Nacional de Áreas Protegidas (RNAP). Este valor corresponde a 4,4% da superfície terrestre total da rede, com o Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) e o Parque Natural do Douro Internacional a serem os mais severamente atingidos. Os dados provisórios indicam que, em conjunto, estes dois parques concentram mais de metade da área ardida em zonas protegidas, com 9.302 hectares consumidos no PNSE (10,4% da sua área) e 9.199 hectares no Douro Internacional (10,6%). O impacto foi ainda mais devastador em áreas de menor dimensão.
A Paisagem Protegida da Serra do Açor, por exemplo, viu arder 93,9% da sua superfície, enquanto na Paisagem Protegida Regional da Serra da Gardunha o fogo consumiu 41% do território.
Outras áreas significativamente afetadas incluem o Parque Nacional da Peneda-Gerês, com 5.909 hectares ardidos, e o Parque Natural do Alvão, com 1.700 hectares.
O ICNF já anunciou que os Programas Especiais de Áreas Protegidas (PEAP) serão atualizados para incluir os dados destes incêndios, admitindo a criação de "Áreas de Intervenção Específica" para promover a recuperação e restauro dos habitats afetados, nomeadamente em zonas de "máxima relevância ecológica" como carvalhais e zimbrais.
Em resumoA destruição de uma vasta área em zonas protegidas constitui um grave alerta ambiental sobre a vulnerabilidade do património natural português aos incêndios rurais. Os dados do ICNF demonstram um impacto ecológico profundo, que obriga a uma reavaliação das estratégias de gestão e conservação para mitigar os danos e promover a resiliência destes ecossistemas únicos.