Embora a campanha de rega esteja garantida até 2027, os agricultores alertam para os riscos e adaptam as suas culturas à escassez hídrica. De acordo com o Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH), a quantidade de água armazenada desceu em todas as bacias hidrográficas no final do ano hidrológico, embora a maioria ainda apresente valores superiores às médias. No entanto, a situação é particularmente preocupante no Sudoeste Alentejano, onde a barragem de Santa Clara, crucial para o perímetro de rega do Mira, se encontrava com um nível de armazenamento a rondar os 53%.

Esta situação reacende as preocupações sobre a sustentabilidade dos recursos hídricos na região, que abrange concelhos como Odemira e Aljezur.

Os agricultores locais, confrontados com a raridade de anos com precipitação excecional, já sentem o impacto.

Na zona de Odemira, algumas das maiores explorações hortícolas reduziram a área cultivada em 15% desde 2023 e suspenderam totalmente certas culturas. Em resposta, têm vindo a adotar práticas de agricultura de precisão, como o uso de sondas para monitorizar a humidade do solo e a captação de águas pluviais, conseguindo uma redução superior a 70% no consumo de água nos últimos anos. A Olivum, associação que representa grande parte da produção de azeite, estima uma quebra de 10% na produção este ano devido ao atraso na maturação da azeitona provocado pelo calor.

Apesar das garantias de regadio a médio prazo, a incerteza climática obriga o setor agrícola a uma adaptação contínua e a investimentos avultados para mitigar os efeitos da seca.