Este descontentamento popular é acompanhado por alertas da classe médica, que exige melhores condições e salários para evitar o colapso do sistema. Um estudo do Observatório da Sociedade Portuguesa da Católica Lisbon School of Business and Economics revela um acentuado descontentamento com o SNS.

Dos 1.134 inquiridos, 89,6% consideram que o estado atual do serviço conduz à deterioração da qualidade e 85,1% receiam não obter a assistência necessária em caso de doença.

Esta apreensão materializa-se em consequências práticas, com 37,4% a admitir ter adiado consultas ou tratamentos devido a tempos de espera prolongados.

A responsabilidade é maioritariamente atribuída ao Governo, cujo desempenho é alvo de insatisfação para 64,2% dos inquiridos. Em contrapartida, os profissionais de saúde — médicos, enfermeiros e técnicos — merecem a satisfação de 57,3% dos portugueses.

Este descontentamento público ecoa nas reivindicações da classe médica.

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) alertou que o SNS atravessa uma crise “sem precedentes”, citando como exemplos urgências sobrelotadas, unidades encerradas e o facto de 63 bebés terem nascido em ambulâncias ou na via pública desde janeiro.

A FNAM foi convocada para uma reunião negocial com o Ministério da Saúde, onde irá exigir “condições dignas e salários justos”, incluindo a reposição do horário de 35 horas semanais, a recuperação do poder de compra e a reintegração do internato na carreira médica. A federação sublinha que “a sobrevivência do SNS depende de médicos motivados e valorizados”.