Um estudo nacional alertou para o impacto crescente do cancro do fígado em Portugal, estimando que a doença causará cerca de 1.200 mortes por ano e terá um custo anual superior a 77 milhões de euros até 2027. Os especialistas sublinham a importância da prevenção e do diagnóstico precoce, uma vez que mais de metade dos casos são detetados em fases avançadas. A investigação, realizada pela Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado em parceria com a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia e a Exigo Consultores, projeta um cenário preocupante para o carcinoma hepatocelular, o tipo mais comum de cancro do fígado. Estima-se que o número de pessoas a viver com a doença aumente de 4.151 em 2023 para 4.851 em 2027, com um custo total acumulado de 370 milhões de euros nesse período.
José Presa Ramos, coautor do estudo, alertou que estes números podem estar subestimados, uma vez que novas terapias, introduzidas desde 2022, provavelmente aumentarão os custos.
O principal desafio reside no diagnóstico tardio: 51,2% dos doentes descobrem a doença em fases avançadas, quando as hipóteses de tratamento são mais limitadas. As principais causas para o desenvolvimento deste cancro incluem o consumo excessivo de álcool, que em Portugal é a causa principal de cirrose hepática, bem como as hepatites B e C, obesidade e diabetes. Os especialistas defendem uma aposta forte na prevenção e no rastreio de populações de risco, como doentes com cirrose hepática, que deveriam realizar uma ecografia a cada seis meses, um prazo que, segundo José Presa Ramos, muitas vezes não é cumprido no SNS por falta de capacidade de resposta.
Em resumoUm estudo nacional revela um cenário alarmante para o cancro do fígado em Portugal, com previsões de 1.200 mortes anuais e custos económicos crescentes. O diagnóstico tardio é o principal obstáculo, levando os especialistas a apelar a um reforço urgente da prevenção, do rastreio de populações de risco e da literacia em saúde para combater as principais causas, como o consumo excessivo de álcool.