Iniciou-se no Tribunal de Beja o julgamento de um dos processos resultantes da 'Operação Espelho', que investiga uma alegada rede de exploração de trabalhadores imigrantes em herdades agrícolas no Alentejo. No banco dos réus sentam-se 13 pessoas e sete empresas, acusadas de crimes como tráfico de pessoas, auxílio à imigração ilegal e branqueamento de capitais. Este processo, que começou a ser julgado a 20 de outubro, envolve arguidos de nacionalidade romena, moldava, espanhola, peruana e portuguesa, seis dos quais se encontram em prisão preventiva desde novembro de 2023. Segundo a acusação do Ministério Público (MP), a rede, liderada por um dos arguidos, terá, desde 2019, aliciado centenas de imigrantes de países como Roménia, Moldova, Colômbia e Marrocos para trabalharem em Portugal.
O objetivo seria “alcançar o máximo lucro independentemente das condições de trabalho e de pagamento a esses cidadãos estrangeiros”.
A acusação refere ainda que os imigrantes eram obrigados a submeter-se às ordens da rede, sob pena de agressão.
Na primeira sessão do julgamento, que decorreu no auditório da Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (CIMBAL), os 12 arguidos presentes optaram pelo silêncio, num aparente “pacto” para não prestarem declarações.
O advogado de defesa, Pedro Pestana, manifestou a expectativa de que o desfecho seja semelhante a um outro processo da mesma operação, no qual os arguidos foram absolvidos por insuficiência de prova.
O julgamento prosseguirá com a audição das 74 testemunhas arroladas pelo MP.
Em resumoO início do julgamento de uma rede de tráfico de imigrantes no Alentejo, no âmbito da 'Operação Espelho', foi marcado pelo silêncio dos arguidos. O processo envolve 20 arguidos e acusações de exploração de centenas de trabalhadores agrícolas, revelando a complexidade do combate a este tipo de criminalidade.