O anúncio do Governo sobre a criação da primeira urgência regional de obstetrícia na Península de Setúbal, a funcionar no Hospital Garcia de Orta, em Almada, a partir de 2026, gerou um intenso debate e funciona como um alerta para as grávidas da região. A medida prevê que duas ou mais Unidades Locais de Saúde (ULS) se unam para concentrar o serviço de urgência num único hospital, visando colmatar a falta de médicos especialistas que tem levado a encerramentos temporários. Esta reorganização dos serviços de saúde foi recebida com fortes críticas por parte de sindicatos e partidos da oposição. O PCP considerou a medida de “maior gravidade”, alertando que o encerramento de duas das três urgências obstétricas na região “deixará milhares de grávidas desprotegidas, obrigadas a percorrer longas distâncias e sujeitas a realizar o parto em ambulâncias”. O partido argumenta que a concentração de mais de cinco mil partos por ano numa única unidade “não será sustentável” e poderá levar ao desvio de utentes para hospitais em Lisboa, além de potenciar o negócio privado.
O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) também manifestou preocupação, com o seu secretário-geral a afirmar que a solução das urgências metropolitanas “não serve os médicos nem a população”.
Em contrapartida, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, mostrou-se convicto de que a concentração de urgências é a solução correta para resolver os problemas do Serviço Nacional de Saúde (SNS). A polémica instalada serve de aviso à população sobre as mudanças iminentes no acesso aos cuidados de saúde materna na Península de Setúbal.
Em resumoA decisão do Governo de concentrar as urgências de obstetrícia da Península de Setúbal no Hospital Garcia de Orta gerou forte oposição. O PCP e sindicatos médicos alertam para os riscos para as grávidas, que terão de percorrer maiores distâncias, e para a insustentabilidade do modelo. Este plano constitui um aviso público sobre uma reestruturação profunda e controversa no acesso aos cuidados de saúde materna na região.