O alerta da ANCC revela uma crise no setor dos cuidados continuados, com quatro unidades a planear rescindir os seus contratos com o Estado.

A principal razão apontada é a insuficiência do financiamento estatal, que, segundo a associação, não cobre as despesas de funcionamento das instituições. O presidente da ANCC sublinha a gravidade do problema, afirmando que “10% das camas hospitalares estão ocupadas por pessoas que deveriam estar em cuidados continuados”.

Esta ocupação indevida não só sobrecarrega os hospitais, dificultando a gestão de vagas para doentes agudos, como também impede que os utentes com necessidade de cuidados continuados recebam a assistência mais adequada à sua condição. O encerramento de mais de 100 camas a partir de janeiro agravaria este cenário, aumentando a pressão sobre o SNS e deixando mais famílias sem resposta para os seus entes queridos. A associação questiona ainda a viabilidade das novas camas que estão previstas, sugerindo que, sem uma revisão do modelo de financiamento, o problema do subfinanciamento persistirá, comprometendo a sustentabilidade e a expansão da rede nacional de cuidados continuados. A denúncia expõe uma falha estrutural no sistema de saúde, que afeta diretamente uma população particularmente vulnerável e tem repercussões em toda a organização dos serviços de saúde em Portugal.