A persistente falta de médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) continua a provocar o encerramento temporário de serviços de urgência em diversos hospitais, afetando em particular as áreas de obstetrícia, ginecologia e pediatria. Face a esta contingência, as autoridades de saúde reiteraram o aviso à população para contactar a Linha SNS 24 antes de se deslocar a qualquer serviço de urgência, para garantir o encaminhamento adequado. De acordo com o portal do SNS, foram anunciados enceramentos específicos para o fim de semana, com as urgências de obstetrícia e ginecologia dos hospitais do Barreiro e das Caldas da Rainha a fecharem no sábado, e a do Barreiro a permanecer encerrada no domingo. Esta situação obriga ao desvio de utentes, nomeadamente grávidas, para unidades de referência, aumentando a pressão sobre os hospitais vizinhos e o tempo de espera.
O problema não é novo nem isolado; o Hospital de Santo Tirso, por exemplo, enfrenta constrangimentos há vários anos, que se agravaram no último mês.
A preocupação estende-se ao poder local, com a Câmara Municipal de Torres Novas a manifestar publicamente a sua rejeição a um potencial encerramento da urgência pediátrica local, alertando que tal decisão “obrigaria muitas famílias a deslocações longas e difíceis, com impacto direto na resposta a situações urgentes”.
Esta crise reflete as dificuldades estruturais do SNS em reter profissionais e a sua crescente dependência de médicos prestadores de serviços, um tema central no debate sobre a reforma do setor da saúde.
Em resumoO encerramento recorrente de serviços de urgência essenciais evidencia uma crise estrutural no SNS, marcada pela carência de recursos humanos. O apelo para o uso da Linha SNS 24 funciona como uma medida de mitigação, mas não resolve o problema de fundo, que continua a comprometer o acesso atempado e seguro aos cuidados de saúde para milhares de utentes em todo o país.