Estes dados alarmantes, juntamente com estudos sobre a prevalência da violência, sublinham a urgência de uma resposta social e institucional a este flagelo. Os números divulgados pela Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG), baseados nos registos da GNR e da PSP, pintam um quadro preocupante da violência doméstica em Portugal.
Com 25.327 ocorrências reportadas até setembro, o país enfrenta o valor mais alto para este período desde 2018.
A gravidade da situação é acentuada pelos 18 homicídios ocorridos neste contexto, dos quais 16 vitimaram mulheres.
A dimensão do problema é corroborada por um estudo da Universidade NOVA SBE, que indica que quase metade da população portuguesa já foi vítima de algum tipo de violência ao longo da vida, com as mulheres a serem desproporcionalmente mais afetadas, especialmente no que toca a violência sexual e no seio das relações íntimas. O mesmo estudo revela que a desigualdade de género se estende ao local de trabalho, onde 23,8% das mulheres afirmam ter sido vítimas de assédio persistente.
Apesar da gravidade, a subnotificação permanece um desafio significativo.
Apenas 65,3% das vítimas comunicam o sucedido, e mais de 60% recorrem apenas a familiares e amigos.
Daniel Cotrim, da Associação de Apoio à Vítima (APAV), sugere que o aumento dos registos pode refletir um aumento das denúncias, possivelmente impulsionado por mecanismos como a nova ficha de avaliação de risco, e não necessariamente um aumento do número de casos. O secretário de Estado, Telmo Correia, classificou a situação como um "flagelo nacional", reforçando a perceção de que, apesar de Portugal não ter uma criminalidade geral desmesurada, este tipo de crime é uma preocupação sistémica e prioritária.









