Os dados alertam para uma utilização inadequada e excessiva destes serviços, pressionando o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e comprometendo a sua eficácia.

O relatório da ERS analisou o período entre 2022 e o primeiro semestre de 2024, durante o qual se registaram quase 16 milhões de admissões nas urgências do SNS. Em 2023, Portugal apresentou um rácio de 64 episódios de urgência por cada 100 habitantes, um valor substancialmente superior à média de 26,6 por 100 habitantes registada nos países da OCDE.

As regiões do Alentejo e do Algarve destacam-se com rácios ainda superiores à média nacional.

Uma das principais conclusões do estudo é a elevada taxa de autorreferenciação, ou seja, utentes que se dirigem às urgências por iniciativa própria.

Embora esta percentagem tenha vindo a diminuir, de 71,8% em 2022 para 64,4% no primeiro semestre de 2024, continua a ser a principal via de acesso.

Preocupantemente, quase metade destes casos (49,9%) são classificados com prioridade clínica "pouco urgente" ou "não urgente".

Em contrapartida, as admissões referenciadas pela Linha SNS 24 têm aumentado, atingindo 11,4% em 2024, o que a ERS associa ao programa "Ligue antes, Salve Vidas".

A Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar considera que estes números demonstram a necessidade de uma maior aposta na literacia em saúde, para que os cidadãos saibam quando devem recorrer às urgências. A Ministra da Saúde reconheceu o problema e afirmou que o Governo pretende baixar estes números até 2027, mas o estudo funciona como um aviso claro sobre a sustentabilidade do SNS e a necessidade de reforçar os cuidados de saúde primários como alternativa.