Os dados, divulgados pelo Infarmed no âmbito do Dia Europeu do Antibiótico, revelam uma tendência preocupante.

Entre 2019 e 2024, o consumo global de antibióticos em Portugal aumentou 8%, enquanto a média nos países da UE foi de apenas 2%. Em termos de volume, o país regista um consumo de 19 doses diárias por cada 1.000 habitantes.

Este uso excessivo alimenta a resistência antimicrobiana, um fenómeno que ocorre quando bactérias e outros microrganismos se tornam resistentes aos medicamentos usados para os combater.

O Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) alerta que esta é uma das crises de saúde pública mais graves a nível mundial, sendo responsável por mais de 35 mil mortes anuais na Europa. Segundo o ECDC, a "Europa não está no bom caminho" para atingir as metas de redução estabelecidas para 2030.

O médico infeciologista Hélder Pinheiro adverte que o uso inadequado de antibióticos pode "fazer-nos recuar algumas décadas naquilo que foi a evolução da medicina", ao ponto de infeções banais se tornarem intratáveis. Em resposta, o Infarmed estabeleceu como meta para Portugal uma redução do consumo total de antibióticos de 9% até 2030, em comparação com os níveis de 2019, sublinhando a urgência de uma utilização mais criteriosa e responsável destes fármacos por parte de profissionais de saúde e utentes.