Esta situação, que afeta todas as instituições inquiridas, obriga frequentemente à alteração da terapêutica dos doentes, levantando sérias questões sobre a continuidade e qualidade dos cuidados de saúde. De acordo com o Índex Nacional de Acesso ao Medicamento Hospitalar, as falhas de medicamentos tornaram-se um “risco estrutural” no Serviço Nacional de Saúde (SNS). O estudo, que inquiriu 31 instituições hospitalares, concluiu que 100% delas registaram ruturas de stock, com mais de metade a reportar falhas de forma diária ou semanal.

O impacto desta situação é considerado “grave” por 61% dos hospitais.

Uma das consequências mais alarmantes é a necessidade de alterar a terapêutica dos doentes, uma medida que foi forçada em 23% das instituições devido à falta de medicamentos prescritos.

Esta mudança não é trivial e pode comprometer a eficácia do tratamento e a segurança do paciente.

O problema é agravado pela falta de monitorização dos resultados das novas terapêuticas, uma lacuna presente em 77% dos hospitais, e pela ausência de sistemas integrados de gestão de dados em 84% das unidades. Estas falhas de gestão impedem uma avaliação rigorosa da eficácia dos tratamentos e dificultam a gestão de stocks e a procura de alternativas em caso de rutura.

A situação representa um desafio significativo para a gestão clínica e financeira do SNS, especialmente num contexto em que o Governo pretende cortar 10% na despesa com bens e serviços, onde se incluem os medicamentos.