O relatório do OMA, baseado em notícias publicadas, detalha um cenário desolador que vai além das mortes consumadas, registando também 50 tentativas de assassinato, das quais 40 foram tentativas de femicídio. Uma análise mais aprofundada dos casos de femicídio revela falhas sistémicas preocupantes: em 12 dos casos, existia um historial de violência doméstica prévia, e em quatro deles, já tinha sido feita uma denúncia às autoridades, o que indica que o sistema de proteção falhou.

Cátia Pontedeira, criminóloga da UMAR, aponta para uma causa estrutural, afirmando que "o problema está na forma como a sociedade entende os relacionamentos íntimos".

Os dados da GNR corroboram a dimensão do problema, com o registo de 10.251 crimes de violência doméstica só este ano, que resultaram em 13 mortes (11 mulheres e dois homens). A persistência destes números, semelhantes aos do ano anterior, serve como um alerta contínuo para a sociedade e para as autoridades sobre a urgência de abordar as causas profundas da violência de género e reforçar os mecanismos de proteção às vítimas.