A crise de recursos humanos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) foi evidenciada pelo elevado número de vagas por preencher no internato médico, levando o Governo a anunciar um projeto-piloto para a vigilância de gravidezes de baixo risco por enfermeiros especialistas. A iniciativa, que arranca no primeiro trimestre de 2026 na Península de Setúbal e na zona Amadora-Sintra, gerou debate e preocupação por parte da Ordem dos Médicos. A Federação Nacional dos Médicos (Fnam) alertou que quase 800 vagas para formação médica especializada continuavam por preencher, com especial incidência em Medicina Geral e Familiar (386) e Medicina Interna (132), sendo a região de Lisboa e Vale do Tejo a mais afetada.
Este cenário, descrito como uma "destruição em curso" do SNS, constitui um aviso implícito à população sobre a sustentabilidade futura do acesso a cuidados de saúde. Em resposta a esta carência, o Ministério da Saúde avançou com um projeto-piloto onde cada enfermeiro especialista em saúde materna e obstétrica acompanhará 75 grávidas de baixo risco que não tenham médico de família. A medida visa colmatar uma falha crítica no acompanhamento pré-natal em áreas com grande carência de profissionais.
No entanto, a Ordem dos Médicos criticou a decisão, considerando que desvaloriza os médicos de família e que a sua própria proposta para reforçar as equipas multidisciplinares foi ignorada. Este conflito expõe a tensão entre a necessidade de encontrar soluções pragmáticas para a falta de médicos e a defesa das competências profissionais de cada classe.
Em resumoA falta de médicos no SNS, visível nas vagas de internato por preencher, motivou a criação de um projeto-piloto onde enfermeiros acompanharão grávidas de baixo risco. Embora vise colmatar uma falha no acesso a cuidados, a medida gerou controvérsia e expôs as tensões entre a gestão política da saúde e as ordens profissionais.