Os relatos mais críticos focaram-se no Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) e no Hospital de Loures. No Amadora-Sintra, utentes com pulseira amarela (urgentes) chegaram a esperar quase 11 horas, e noutra ocasião, mais de 16 horas para a primeira observação médica.

A afluência era tão elevada que as cadeiras na sala de espera se tornaram insuficientes, forçando dezenas de pessoas a aguardar em pé. A unidade recebia uma média de 350 utentes por dia com problemas respiratórios graves, um número que reflete o impacto da epidemia de gripe, confirmada pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge. A pressão sobre as urgências gerais foi agravada pelo encerramento de vários serviços de urgência de especialidade, como obstetrícia, durante o fim de semana, o que concentra ainda mais os utentes nas poucas unidades totalmente operacionais. Esta crise recorrente levanta questões sobre a capacidade estrutural do SNS para lidar com picos de procura sazonal, a gestão de recursos humanos e a eficácia de medidas de contingência, como a linha SNS 24, que também tem sido alvo de críticas por parte de entidades reguladoras e profissionais de saúde. A situação representa não só um risco para a segurança dos doentes, mas também um enorme desgaste para os profissionais de saúde na linha da frente.