A situação, agravada pela epidemia de gripe, expõe as fragilidades estruturais do Serviço Nacional de Saúde e constitui um alerta crítico para a população que necessita de cuidados emergenciais. A situação é particularmente grave nos hospitais Amadora-Sintra e de Loures, onde os tempos de espera para doentes com pulseira amarela (urgentes, com atendimento recomendado em 60 minutos) atingiram picos de quase 11, 13 e até 16 horas. A afluência massiva de pacientes, exacerbada pela fase epidémica de gripe, sobrecarregou os serviços, com o Hospital Amadora-Sintra a receber uma média de 350 utentes por dia com problemas respiratórios graves. Esta pressão resulta em cenários de caos, com doentes a aguardar em pé por falta de cadeiras, e reflete-se em toda a cadeia de emergência. Técnicos de emergência pré-hospitalar relatam atrasos significativos na saída de ambulâncias para novos socorros, uma vez que as macas ficam retidas nos hospitais superlotados. A crise não se limita a um ou dois hospitais, sendo descrita como uma complicação generalizada na região de Lisboa. A repetição destes episódios, noticiada em dias consecutivos, transforma o problema de um constrangimento pontual num aviso sistémico sobre a capacidade de resposta do SNS, alertando a população para a possibilidade de longas e potencialmente perigosas esperas em caso de necessidade de cuidados de urgência.