O Serviço Nacional de Saúde (SNS) enfrenta uma crise aguda, com tempos de espera nas urgências a atingir níveis críticos e um aumento alarmante das infeções respiratórias. As autoridades de saúde emitiram vários alertas, instando a população a contactar a linha SNS 24 antes de recorrer aos hospitais e ativando planos de contingência em várias unidades. A conjugação de um surto de gripe que se manifestou de forma “antecipada e intensa” com problemas estruturais no SNS resultou numa pressão sem precedentes sobre os serviços de urgência em todo o país. O caso mais emblemático é o do Hospital Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra), descrito pelo diretor-executivo do SNS como o “principal problema do SNS”, onde os tempos de espera para doentes urgentes (com pulseira amarela) chegaram a ultrapassar as 14 horas, muito acima dos 60 minutos recomendados.
Situações semelhantes foram registadas noutras unidades, como em Castelo Branco, com esperas a atingir as 20 horas.
Em resposta, cinco Unidades Locais de Saúde (ULS) ativaram o nível máximo de contingência. O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) confirmou a tendência crescente da atividade gripal e um aumento de casos de infeção respiratória aguda grave, sobretudo nos maiores de 65 anos, admitindo já um “excesso de mortalidade” na região Norte, particularmente em pessoas entre os 75 e os 84 anos. Para mitigar a sobrecarga, hospitais como os das ULS do Tâmega e Sousa e de Leiria tomaram a medida de adiar dezenas de cirurgias não urgentes para libertar camas. A ULS da Região de Leiria foi mais longe, determinando o uso obrigatório de máscara e suspendendo a atividade não urgente. As autoridades reiteram o apelo para que os utentes liguem para a linha SNS 24 (808242424) antes de se deslocarem às urgências, embora o diretor-executivo do SNS tenha admitido que o programa “Ligue Antes, Salve Vidas” ainda não foi implementado em todas as ULS por falta de capacidade da linha.
Em resumoA combinação de uma época gripal severa com fragilidades existentes no SNS levou ao colapso de vários serviços de urgência, com tempos de espera perigosamente longos. As respostas das autoridades incluem a ativação de planos de contingência, o adiamento de cirurgias e apelos à população para usar a linha SNS 24, evidenciando a vulnerabilidade do sistema de saúde perante picos de procura.