A atual epidemia de gripe está a colocar uma pressão sem precedentes sobre os serviços de saúde em Portugal, resultando em tempos de espera alarmantes nas urgências e revelando fragilidades no Sistema Nacional de Saúde (SNS). A situação é agravada por uma nova estirpe do vírus e pela escassez de vacinas para grupos não prioritários. O aumento exponencial de casos de gripe e outras infeções respiratórias levou a uma sobrecarga generalizada dos serviços de saúde. Desde o início da época gripal, foram detetados mais de 42 mil casos de infeções respiratórias e oito mil de gripe, com base nos utentes que recorreram ao SNS. A Direção-Geral da Saúde (DGS) sublinha que, "quando comparado com as épocas anteriores, observou-se uma proporção de episódios de urgência por síndrome gripal superior a todas as épocas anteriores e mais precoce".
Esta afluência massiva reflete-se em tempos de espera críticos, especialmente na área da Grande Lisboa.
O Hospital Amadora-Sintra é um dos casos mais graves, com registos de espera que atingiram as 17 horas para casos pouco urgentes e até 14 horas para doentes considerados urgentes, muito acima do tempo recomendado.
A pressão estende-se também à Linha SNS 24 e ao INEM, que registaram um aumento na procura.
A situação é ainda mais complexa devido à falta de vacinas contra a gripe nas farmácias para cidadãos que não pertencem a grupos prioritários, mesmo que possuam receita médica, limitando as medidas de prevenção para uma parte da população. O aumento da mortalidade geral na primeira semana de dezembro, com mais 121 óbitos do que a média, coincide com o agravamento da situação epidemiológica, alertando para o impacto severo da atual vaga de doenças respiratórias.
Em resumoA confluência de uma época gripal precoce e intensa com pressões estruturais no SNS resultou numa crise nas urgências hospitalares, marcada por tempos de espera inaceitáveis. A situação evidencia a necessidade de reforçar a capacidade de resposta do sistema de saúde e as estratégias de vacinação para mitigar o impacto de futuras vagas sazonais.