Perante a devastação, com a serra onde "ardeu tudo", a população local não hesitou em intervir diretamente. Carlos Monteiro, proprietário de um café em Lourido, descreve a situação com frustração: "Em certos sítios, a população esteve mais perto do fogo do que os bombeiros.
Não foi o combate mais adequado".
Os civis, garante, "estiveram no terreno, conhecem o terreno e sabem por onde fugir do fogo".
Esta crítica é partilhada por outros moradores, como Manuel Lopes, emigrante natural de Lourido, que viu bombeiros "ver o fogo sem atuar, a dizer que esperavam a ordem do comando". A população lamenta a perda de pasto para o gado, com animais desaparecidos, como as vacas de Jorge Lopes, e a destruição de culturas de milho e feno. O sentimento de impotência e revolta é palpável, com os residentes a sentirem que, apesar da presença de meios aéreos e terrestres, a resposta foi insuficiente.
"Se o objetivo era queimar, está tudo queimado", resume Manuel Lopes.
A ação dos civis, em conjunto com os sapadores florestais locais, que foram descritos como "incansáveis", foi crucial para evitar que as chamas atingissem as habitações, num exemplo de resiliência e espírito comunitário perante a adversidade.