A polémica surgiu quando as mil vagas para o emblemático desfile esgotaram em pouco mais de dois dias, deixando de fora muitas mulheres vianenses que participam no cortejo há décadas.

A situação gerou uma onda de indignação, que culminou na criação do movimento “Somos Todas Mordomia”.

Este grupo defendeu que “a tradição perde alma, raízes e verdade” sem a presença das mulheres da terra, criticando a organização por uma aparente preocupação em “internacionalizar a tradição” em detrimento da sua autenticidade.

A pressão da comunidade e o debate público, que chegou à reunião de câmara, levaram a VianaFestas a reavaliar a situação. Manuel Vitorino, presidente da entidade, anunciou a abertura de 76 novas vagas, correspondentes ao número de pessoas que comunicaram formalmente a sua dificuldade em inscrever-se. A organização refutou acusações de favorecimento ou de uma excessiva inscrição de participantes de fora da região, esclarecendo que cerca de 80% das mil inscrições originais eram de Viana do Castelo.

Ainda assim, a VianaFestas admitiu “dificuldades e erros no processo”, optando por uma solução que procura colmatar as falhas e apaziguar a comunidade. O movimento “Somos Todas Mordomia” propôs ainda que, no futuro, o processo de inscrição privilegie as mulheres naturais ou residentes no concelho, abrindo apenas posteriormente as vagas remanescentes a outros participantes.

Este episódio sublinha a importância do envolvimento cívico na salvaguarda do património cultural e a força da comunidade na defesa das suas tradições mais queridas.